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17
Países

ARCOlisboa Galerias 2025

O Programa Geral, eixo principal da feira, é composto por galerias nacionais e internacionais selecionadas pelo Comitê Organizador. 

Barcelona - Sant Cugat del Vallès - Le Marais Espanha - França
Sevilha Espanha
Badajoz Espanha
Múrcia Espanha
Gijón Espanha
Lisboa Portugal
Palma de Maiorca - Abu Dhabi Espanha - Emirados Árabes Unidos
Munique Alemanha
São Paulo - Salvador Brasil
Lisboa Portugal
Berlim - Madrid Alemanha - Espanha
Chicago - Lisboa Estados Unidos - Portugal
Braga - Londres – Seul Portugal - Reino Unido - Coreia do Sul
Taipei Taiwan
Madrid Espanha
Havana - Madrid Cuba - Espanha
Lisboa - Londres Portugal - Reino Unido
Madrid Espanha
Porto Portugal
Lisboa Portugal
Ponta Delgada Portugal
Lisboa Portugal
Lisboa Portugal
Montevideo Uruguai
Munique - Lisboa Alemanha - Portugal
Porto - Lisboa Portugal
Madrid Espanha
Porto Portugal
Santa Cruz de Tenerife Espanha
Lisboa Portugal
Porto Portugal
Madrid Espanha
Madrid Espanha
Lisboa Portugal
Roma - Lisboa - Pereto Itália - Portugal
Lisboa Portugal
Lisboa Portugal
Porto Portugal
Lisboa - Madrid Portugal - Espanha
Lisboa Portugal
Porto Portugal
Porto Portugal
Barcelona Espanha
Paris França
Valência Espanha
Londres Reino Unido
Madrid Espanha
Valência Espanha
Bogotá Colômbia
Madrid Espanha
Múrcia Espanha
Madrid - Cidade do México - Guadalajara Espanha - México
Lisboa Portugal
São Paulo Brasil
Viena Áustria
São Paulo - Barcelona Brasil - Espanha
Tbilisi Geórgia
Chicago Estados Unidos
Lisboa Portugal
Barcelona Espanha
Londres Reino Unido
Lisboa Portugal
Madrid Espanha
Viena Áustria
Palma de Maiorca Espanha
São Paulo Brasil
Roma Itália
Mumbai - Nova Deli Índia
Buenos Aires Argentina
Madrid Espanha
Lisboa Portugal
Bogotá Colômbia
Lisboa Portugal
Casablanca Marrocos
París França
Brasilia, São Paulo Brasil
São Paulo Brasil

Opening Lisboa

Secção Opening

Arcolisboa 2025

Há dezoito anos, o utilizador “unboxit” publicou no YouTube o vídeo Unboxing Ceremony of Nokia E61, considerado o primeiro vídeo de unboxing de que há registoonline. Em apenas 1 minuto e 26 segundos, um homem abre a caixa de um telemóvel recém-lançado e mostra os seus conteúdos. Este gesto simples — abrir desembalar um produto novo diante da câmara — deu início a uma tendência que começou no universo tecnológico, num tempo em queem campos onde se muitos procuravam antecipar a experiência dos novos dispositivos antes de os adquirir. À medida que o formato cresceu, alastrou a outros domínios, como a moda, os brinquedos ou os artigos de luxo, ganhando  refinou-se  uma produção videográfica  mais cuidada e um tom cada vez mais pessoal egradualmente mais envolvente. PelNa década de 2010, os vídeos de unboxing tornaram-se um enorme sucesso/gozavam já de enorme popularidade transformaram-se num fenómeno de massas. O prazer residia na experiência vicária de:  descobrir algo novo sem a necessidade de o possuir.

Hoje, os vídeos de unboxing caminham para territórios mais abstratos, afastando-se da simples apresentação de produtos para se centrarem quase exclusivamente no êxtase da revelação. Em vez de exibirem o mais recente telemóvel ou par de sapatos, muitos destes vídeos dedicam-se agora à abertura de objetos desconhecidos ou esquecidos — caixas-mistério, correio extraviado, encomendas devolvidas — apenas pela curiosidade de descobrir o seu conteúdo.

No fundo, os vídeos de unboxing sempre foram rituais cerimónias / celebrações de mistério. Rasgar estes invólucros enigmáticos é um ato de desmontagem das estruturas simbólicas que sustentam a expectativa e o fascínio pelo desconhecido. Tal como a comida, ao lado de alimento, o sono ou o amor, dependemos da surpresa tanto quanto de qualquer outra necessidade básica: a surpresa é o combustível que alimenta as engrenagens do pensamento e amplia o nosso horizonte de expectativa. O momento da revelação não diz apenas respeito ao objeto embrulhado, mas também à arquitetura emocional erguida em torno da tensão e do seu subsequente desfecho.

Grande parte da criação artística assenta neste mesmo ato de desembrulhar expectativas. Muitas vezes associamos este fenómeno à ideia de “frescura” ou de “novidade” e, por extensão, à juventude. Contudo, a novidade, enquanto conceito profundamente complexo, resiste a qualquer tentativa de normalização. Na arte, o “novo” não pode ser entendido como mero adjetivo: deve antes ser percebido como uma força em movimento — um balanço pendular que nos arrasta, tal como o vaivém das ondas. Esta sensação de novidade transcende qualquer contagem, idade ou categorização; basta pensar na forma como permanentemente reformulamos o passado enquanto futuro, como revisitamos artistas outrora negligenciados ou subvalorizados, mas cuja obra pulsa ainda com relevância, reinvenção ou inovação tardia.

Em cenários de sobrexposição — como acontece nas feiras de arte, em que a atenção tende a diluir-se perante a densidade de estímulos visuais e conceptuais. — sensaçõessentimentos como a novidade e a surpresa tornam-se difíceis de rastrear, ereacender / renovar. /  a atenção tende a diluir-se perante a densidade esmagadora de estímulos visuais e conceptuais. A Secção Opening procura contrariar esse efeito, oferecendo um espaço de encontro mais pausado e intencional — uma área pensada para a proximidade. Esta intenção é sublinhada pela sua localização: um edifício adjacente à feira principal, afastado física e conceptualmente do seu núcleo. Parte integrante do todo, mas ao mesmo tempo circundante — uma câmara de eco para obras que exigem nuances, intimidade e a construção lenta da revelação. Neste sentido, a Opening espelha o próprio ritual do unboxing: um limiar silencioso, onde o “novo” não se revela de imediato, mas se desdobra através da atenção, do gesto e do prazer de ainda não saber.do que está porvir.

Reunindo uma seleção de dezassete galerias internacionais — três das quais regressam este ano do ano passado, e catorze que participam pela primeira vez — a Opening propõe um espaço que resiste à pressa. Num mundo saturado de imagens fugazes e estimulação estímulo constanteincessantes, convida-nosestende-se um convite a abrandar, a reparar, e a envolvermo-nosparticipar nas camadas mais discretas subtis da experiência.

Curadoras:

As Formas do Oceano

Quantas formas tem a água salgada que forma o oceano Atlântico? O que acontece quando artistas de diferentes portos do atlântico, ocupam um espaço central na cidade de Lisboa?

Essas e outras perguntas fazem parte das muitas questões que se erguem a partir da presença de um conjunto de galerias das diferentes  Áfricas, Américas, Europas.

O que as formas do Oceano parecem revelar é uma produção artística de extrema sofisticação e que desde seu surgimento flerta com a dimensão que ultrapassa os limites nacionais e se espraia transaccionalmente, reunindo experiências que afirmam a centralidade das poéticas negras no cenário da arte contemporânea internacional.

Durante a Arco Lisboa, players  de diferentes partes do ambiente artístico global, terão a oportunidade de aprofundar sua relação com a produção de uma arte que inevitavelmente nasce com a língua e a linguagem do Oceano, que de muitas formas inventou a experiência moderna ocidental. Que isso aconteça a partir de Portugal, é mais  uma das provas de que as formas do oceano são ao mesmo tempo bravas e poéticas.

Reunir artistas e galerias que conectam a noção de América Negra a uma perspectiva mais ampla da dimensão Atlântica do mundo, é uma das pautas que permitem compreender as diferentes formas de elaboração da experiência poética de pessoas negras. Há, indiscutivelmente, práticas artísticas de extremo rigor e  que se apresentam aqui pelas suas proximidades, mas também pelas suas particularidades.

Esta curadoria parte da conversa entre dois curadores e procura abordar estas (des)conexões a nível das artes visuais – trocas poéticas entre artistas africanos e afro-diaspóricos e brasileiros. Desenhado a pensar nas relações afro-atlânticas de forma expandida, não limitada apenas pelo território e geografia.

Paula Nascimento & Igor Simões

Curadores: